segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O JOVEM CRISTÃO E AS MISSÕES NA ERA POS-MODERNA

Quando eu era criança, na década de 70, quem tinha uma televisão, ainda que com imagem em preto e branco e funcionava com válvulas ou, ainda, quem tinha telefone cujo numero tinha apenas dois dígitos, era uma pessoa considerada da classe social media alta ou mesmo rica.
Mais de 30 anos passaram e hoje estou escrevendo este estudo em um laptop de ultima geração, com internet (coisa de ficção cientifica naqueles anos 70) e com um celular ao meu lado pelo qual posso me comunicar com qualquer pessoa em quase todos os lugares onde ela estiver.
Falando de internet, podemos acessar qualquer informação de milhares de pessoas através das redes sociais espalhadas pelo mundo inteiro e em diversos idiomas. Ainda podemos acessar por meio satélites vários canais de TV do mundo.
Os meios de comunicação levam e trazem informações com uma rapidez incrível e esse frenesi de troca de informações forma conceitos, linguagem, filosofias e culturas, transformando nosso planeta em uma grande aldeia global.
Em meio a este turbilhão de rápidas mudanças no comportamento do homem pós-moderno, as religiões e a espiritualidade estão conhecendo seus embates. O homem pós-moderno está tratando de ressuscitar sua espiritualidade. Entretanto, é uma espiritualidade secular, estética, emocional, sincretista, vazia de conteúdo e de objetivo, sem outro propósito além da auto-satisfação que é a grande marca da pós-modernidade.
O homem pós-moderno não confia mais nas instituições religiosas e questiona suas raízes e interpretações, buscando aquelas que se adéquam ao seu bem-estar. Para atender a esta necessidade, muitas igrejas têm renunciado a fidelidade ao Evangelho para adotar um evangelho popular que agrada a todos os gostos de seus fregueses. Por outro lado, outras igrejas se fecharam em suas próprias carcaças doutrinarias, crendo serem porta-vozes de uma verdade que o mundo já rejeitou. Muitos outros têm caído no cinismo, vestidos pelos novos “evangelhos” que o mundo lança no Mercado a cada dia.
John Stott fala em seu livro “O cristão contemporâneo” na página 17:
Esta impressão de que o cristianismo é algo remoto, obsoleto e carente de atualidade está muito difundida. O mundo tem mudado dramaticamente desde os tempos de Jesus, e segue mudando a uma velocidade cada vez mais surpreendente. As pessoas rejeitam o evangelho, não necessariamente porque creia que seja falso, senão porque não encontra ressonância nelas. Pode a igreja superar o desafio da modernidade? Ou há de sofrer o ignominioso destino dos dinossauros, igualmente incapaz de adaptar-se a um meio mutante, para terminar se extinguindo?”
Estamos convictos que a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo segue triunfante confiada no que seu fundado afirmou que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16:18). Apesar de a igreja estar em crise, os seus fundamentos estão firmes. Entretanto, ela necessita dar respostas aos questionamentos ante os desafios modernos da humanidade levando-a a se focar em sua missão ante o novo cenário do século XXI.
Esse enfoque da igreja deve contemplar os mais recentes desafios que se lhe apresenta que é a globalização e a pós-modernidade. O homem pós-moderno é tão carente do evangelho transformador de Jesus Cristo como aqueles que tiveram o privilegio de conhecer o Mestre cara-a-cara.

I – DASAFIOS EVANGELISTICOS DO MUNDO PÓS-MODERNO
O mundo pós-moderno apresenta vários desafios para a Igreja do Senhor em sua missão de evangelização mundial. Vamos ver alguns destes desafios:
1.       A falência das crenças
Em qualquer cultura, o homem pós-moderno duvida de tudo o que está estabelecido pela religião. A verdade passou a ser relativa. A filosofia humanista tem trazido uma doutrina humanista à fé, fazendo que aquilo que era absoluto, passou a ser reativo. A verdade está dentro de cada individuo e cada um tem sua verdade pessoal ainda que seja um engano. Isto é, o que poder ser engano ou erro para mim, pode ser verdade para o outro, e temos que respeitar ou tolerar sua “verdade pessoal”. Por falar nisso, tolerância é a palavra de ordem para o mundo atual. 
2.       As descrenças nas instituições
As instituições falharam em seus propósitos de um mundo melhor. A educação já não é visto como algo que melhora o homem, mas sim é visto apenas como um meio para se alcançar a realização pessoal do poder e do dinheiro. Não se crê mais nas igrejas devido aos seus muitos escândalos. O materialismo e o secularismo têm penetrado as igrejas e transformado estas instituições em verdadeiros caça-níqueis. Ser pastor passou a ser sinônimo de profissão bem remunerada. A família, já não é uma instituição segura onde as pessoas encontram um refugio para seu desenvolvimento emocional, social e espiritual. A falência da família é notória e vemos como se desintegra a sociedade moderna por desvalorizar esta instituição divina que é a base de todo ser humano. O Estado é visto mais como reduto de corrupção do que uma instituição que se preocupa com o bem estar de uma nação.
3.       O sincretismo religioso
Como disse antes, tolerância é a palavra de ordem no mundo pós-moderno. Com isso muitos se rendem à crença na permissividade mistura de crenças, pois, enfim, “Deus é um só e o mesmo para todas as religiões”. Aí vemos os tentáculos do movimento da Nova Era penetrado nas igrejas atuais sufocando a verdadeira fé na Palavra de Deus. O que era pecado já não é mais, pois temos que nos modernizar e nos adaptar às novas culturas de um mundo mutante, para não corrermos o risco de sermos considerados retrógrados, ultrapassados ou intolerantes.
4.       A deificação do homem
O humanismo trouxe uma doutrina em que Deus passou a ser servo do homem, pois o homem foi quem criou a Deus e não o contrario como relatado na Bíblia. Na busca de atender seus ideais hedonistas, o homem atual não mede esforços nem se preocupa com o que é moral, amoral e imoral. Tudo é valido desde que traga satisfação pessoal. O apelo sensual e sexual é alarmante.
5.       A descrença na Bíblia
A Bíblia passou a ser usada apenas como um instrumento de afirmação de vontades, desejos e querências que atende as necessidades temporais e passageiras do homem. Já não é vista como base de fé e pratica. Inclusive no meio evangélico já não se tem o bom costume de leitura e estudo da Bíblia, veja-se o numero desproporcional de alunos em nossas escolas dominicais em relação aos cultos.
6.       A religiosidade geracional
As pessoas estão praticando a religião mais por pura religiosidade do que por convicção. Inclusive no meio evangélico, temos gerações e gerações de pessoas que nasceram no meio evangélico e que permanecem porque foi criado ali. São os cristãos nominais, apenas de nome, que não tem convicção de salvação, nem compromisso real com Cristo.
7.       Etc.

II – PREPARO PARA EVANGELIZAR O MUNDO PÓS-MODERNO
Os capítulos 18 e 19 de I Reis fala do profeta Elias que, depois de desafiar os profetas de Baal, se sentiu só. Pensou que somente ele sobrou. Estava vendo a decadência espiritual de sua nação e sentindo-se impotente ante aquela situação. Deus então lhe disse que havia outros que não se prostraram ante Baal. Hoje, Deus tem reservado para si, um povo que ainda não se prostrou ante os malefícios do mundo pós-modernista. Há um povo que se preocupa com a vida devocional de leitura e estudo da Bíblia, que tem buscado servir e obedecer ao Senhor a despeito de suas vontades e projetos pessoais. Há um remanescente que busca a santidade como meio de agradar a Deus. Há um remanescente que não tem a Igreja como um clube social, onde se desfilam as vaidades pessoais. Há um remanescente que espera a volta do nosso Senhor Jesus Cristo e deseja que seja logo, pois sabe que seu lugar de gozo real não é aqui. A este remanescente Deus desafia e entrega-lhe a responsabilidade de pregar, proclamar e ensinar as Boas Novas ao mundo atual, vencendo os obstáculos e não medindo esforços para alcançar o homem perdido pós-moderno, que é tão carente de Jesus como Nicodemos e a Samaritana dos tempos de Jesus. Para isso, estes proclamadores do Evangelho precisam de algumas ferramentas para atender estes desafios.
1.       Conversão pessoal genuína
Elias estava tranqüilo frente ao desafio que ele propôs aos profetas de Baal e ao rei Acabe. Isso se deve por sua confiança em Deus. Ele tinha convicção de que Deus lhe responderia e estaria com ele em qualquer circunstancia. Ainda que morresse na realização da tarefa que Deus lhe deu, ele estava disposto a obedecer ao seu Senhor. Ele sabia que Deus ia realizar algo através dele frente ao mundo idolatra de sua época. É necessário que os evangelizadores ou missionários tenham experimentado e continuem vivenciando uma conversão genuína a Cristo. Não se tem efetividade na evangelização mundial quando não se tem convicção de que o Evangelho é o nosso único modo de viver. O Evangelho não é algo mais que se acrescenta a nossa vida. Ele é a nossa própria vida. Não podemos viver sem ele. Enquanto o Evangelho não for nossa filosofia de vida, não seremos eficazes na evangelização. Isso significa que devemos estar desprovidos de qualquer influencia maléfica da filosofia pós-moderna.
2.       Conhecimento da Palavra de Deus
Elias vivia baseado na Palavra de Deus. O que Deus lhe dissesse ele realizava. Ele conhecia a Deus o suficiente para confrontar o mundo de sua época frente aos pecados praticado por seu povo. Se não considerarmos a Palavra de Deus como nossa regra infalível de fé e prática, não alcançaremos o mundo tão mutante. Ela é quem nos dá o norte, o rumo a seguir. É o divisor de águas quando estivermos frente a alguma novidade das filosofias pós-modernas. É a Bíblia que nos servirá de prumo na construção da igreja fiel a Jesus até a Sua volta. Para isso, não podemos menosprezar as Sagradas Escrituras, procurando conhecê-la cada vez mais. Isso só será possível se a lermos e estudarmos sistematicamente e ininterruptamente. Temos que estar impregnados do conhecimento de Deus, para poder vencer as tentações do mundo pós-moderno, discernir entre o bem e o mal (linha mui tênue) e levar a mensagem de salvação aos homens de qualquer povo, língua, cultura e nação carentes de Deus.
3.       Unção do Espírito Santo de Deus
O Espírito de Deus estava sobre Elias. Isso é algo irrefutável (2Rs 2:9; Lc 1:17). O Espírito de Deus é quem capacita o crente a realizar Sua obra com ousadia, sinais e maravilhas. Jesus disse em Atos 1:8 que o poder do Espírito Santo nos daria a capacitação para a evangelização do homem em seus quatro níveis: local, regional, nacional e mundial. Somente na unção do Espírito Santo é que podemos alcançar a alma do homem perdido. É o Espírito Santo que nos dá a palavra a ser dita a cada pecador, em cada situação particular em qualquer época (Mt 10:20; Jo 16:13).
4.       Compromisso total com o reino de Deus
Elias era um profeta dedicado em proclamar a mensagem de Deus, seja ela agradável ou não. Mesmo correndo risco de vida, ele desafiou reis e sacerdotes a buscar a Deus e abandonarem seus caminhos de morte. Hoje não é diferente, o crente que quer ir para o céu, deve estar comprometido com o Evangelho do Reino, mesmo que tenha que desagradar seus parentes e familiares, seus amigos, até a si mesmo (Lc 14:26) para agradar aquele que o arregimentou (I Tm 2:4).

III – COMO EVANGELIZARO MUNDO PÓS-MODERNO
1.       Não se conformar com este mundo
Paulo disse aos romanos em sua epístola que não devemos nos conformar (tomar a forma, acomodar-se, pôr-se de acordo) com este mundo (ou século), mas devemos transformar e renovar a nossa mente (pensamentos, filosofias, idéias, etc.) para que possamos experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 2:1,2). Temos que ter o cuidado para não misturarmos os conceitos mundanos ao Evangelho puro. O Evangelho para ser corretamente entendido pelo pecador tem que fazer o divisor de águas entre morte ou condenação e vida ou absolvição. O Evangelho trás uma mensagem de morte e de vida. Não tem meio termo. Não podemos adaptá-lo para torná-lo mais bonito e mais aceitável. Não! O Evangelho confronta o homem quanto a realidade do inferno e do céu: “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16:16).
2.       Fazer discípulos e não meros adeptos
Um dos maiores problemas do mundo pós-moderno é que as igrejas surgem não com o intuito de fazer discípulos de Cristo; não com o objetivo de preparar o homem para subir para o céu. Mas, se preocupam em conseguir mais adeptos para engrossar seus ingressos com seus dízimos e ofertas. Usam o cristianismo como meio para se enriquecerem e viverem um reino terrenal com a desculpa de que podemos viver ricos tanto aqui como no céu. Concentram a riqueza do crente às coisas materiais e a mensagem da volta de Cristo fica em segundo plano. Quando se preocupam pela evangelização mundial, na realidade não se preocupam com a salvação do homem, mas no aumento do reino de sua denominação na terra. Fazer discípulo leva tempo, e em um mundo onde a velocidade é levada em conta, esta tarefa é esquecida. O mais importante é que aquele novo convertido permaneça dizimando e ofertando naquela igreja, mesmo que viva uma vida puramente religiosa, sem compromisso com Deus. Vemos o extremo desta visão mercantilista quando nos EUA, e no mundo hispânico, os membros das igrejas são chamados de “fregueses”. Mateus registrou o método de Cristo para fazer-se discípulos, no capítulo 28:19,20:
a)      Batizando –O batismo é o reconhecimento publico de que a pessoa ao ser confrontado com o Evangelho se declara arrependida e decidida a seguir sua vida como serva de Cristo, obedecendo-lhe em tudo.
b)      Ensinando – Para que uma pessoa possa obedecer a Cristo necessita aprender de Cristo. Aprender o que? Aprender o plano de salvação de Deus para o homem. Esse plano diz que o homem que aceitar a Cristo subirá aos céus e viverá por toda a eternidade com o Senhor, desde que he permaneça fiel. Neste plano está incluída a necessidade de que cada discípulo faça outros discípulos.
3.       Estar preparados e atentos às mudanças
Não podemos estar alheios as novidades que o mundo pós-moderno nos apresenta. Podemos nos apropriar de alguns de seus benefícios, principalmente na área de comunicação e tecnologia como satélites, televisão, rádio, internet, telefonia, etc., para usá-los em prol do Reino de Deus. Para isso devemos buscar dominar estas ferramentas. Devemos estar atentos às rápidas mudanças mundiais e sairmos na frente, usando tudo o possível e lícito para que Cristo chegue ao coração do homem perdido. Qualquer meio de comunicação é valido para se pregar a Cristo!
4.       Trabalhar incansavelmente esperando a volta de Cristo a qualquer momento
Devemos estar atentos aos sinais da volta de Cristo. Jesus disse que o amor do homem se esfriará (Mt 24:12). O homem está apático quanto a realidade da volta de Cristo. Diante disso devemos ser constantes na tarefa de alertá-lo deste evento tão esperado por aqueles que são seus verdadeiros discípulos. Jesus disse que enquanto é tempo de trabalhar, vamos trabalhar, porque chegará o tempo em que não se poderá fazer mais nada a respeito da salvação do homem (Jo 9:4).

É imperativa a tarefa de evangelizar o homem de qualquer parte do mundo. O final do versículo 8 de Atos 1, em espanhol, diz “hasta el último de la tierra” (até o último - homem -   da terra). Para isso devemos pregar-lhe uma mensagem válida. Isto é, uma mensagem que chegue ao seu entendimento para que possa crer. O homem pós-moderno tem características e necessidades específicas, e isso torna um desafio para os evangelistas e missionário da atualidade: Pregar usando os meios e as estratégias pós-modernas, mas mantendo puro o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Que Cristo nos abençoe grandemente neste grande desafio.

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